Inovação

Quais as formas de inovação e como trazê-las para a sua realidade

Cinthia Alves

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A inovação é um processo contínuo que deve ser incorporado à cultura organizacional para as empresas conseguirem se adaptar rápido a novos desafios de forma sustentável.

Cada vez os mercados mudam mais rápido e para lidar com essas velozes mudanças de paradigma é preciso um alicerce forte que é a cultura da empresa.

Quanto mais inovadora ela é, melhor a empresa vai lidar com mudanças.

“A inovação não é um insight brilhante que ocorre a um determinado tipo de personalidade genial. Num ambiente propício, todas as pessoas podem ser agentes de inovação, sejam elas incrementais (que melhoram produtos, serviços ou processos), laterais (adaptadas de ideias de outras empresas) ou disruptivas (algo totalmente novo).” — BARROS, RODRIGO. Versão Beta. 2015

Existem mais de uma forma de inovar, umas mais radicais que as outras. A inovação pode ser apenas incremental, que geralmente não rompe paradigmas e nem causam mudanças drásticas nos produtos, serviços ou processos. Ela normalmente adiciona algo novo, trazendo uma melhora sensível que não altera as características de base de algo. Ela é uma busca contínua por melhorias de acordo com as mudanças no mercado, podemos usar como exemplo o setor automobilístico que adiciona funcionalidades aos carros que trazem mais conforto ao usuário, mais economia, um design diferenciado, mas sem trazer algo que muda completamente o mercado, pois a função do produto não foi alterada nesses casos. Assim, esse tipo de inovação busca a perfeição na entrega de serviços ou produtos para cativar os consumidores e aumentar o lucro. Ela pode ser impactante principalmente em mercados com produtos que tem a mesma função e preços similares, ela adiciona aquele algo a mais que pode ser primordial na hora da decisão da compra.

A inovação lateral é aquela que a empresa precisa fazer para não ficar para traz do mercado. Quando outra empresa trouxe ideias inovadoras, a concorrência precisa se adaptar rapidamente para não perder o mercado. Quem imagina hoje um telefone sem câmera? Em 1997, o empresário Philippe Kahn desenvolveu a tecnologia e em 1999 ele conseguiu em parceria com uma pequena telefonia móvel japonesa levar a tecnologia para o país. Em 2002 o projeto cresceu e chegou ao Ocidente. A partir dessa inovação, todas as empresas tiveram que se adaptar para atender a nova necessidade do mercado que fez com que a função de um celular fosse expandida e mudou completamente a relação das pessoas com o produto.

A inovação disruptiva é a mais diferenciada, ela abre portas para novos mercados, pode ser completamente nova ou pode trazer uma nova função a algo que já existia. Ela desestabiliza a concorrência e marca a empresa como pioneira, ela cria um novo valor e desestrutura o mercado. Um exemplo é a criação do sistema de streaming de música e filmes, Spotify e Netflix souberam como surfar nessa onda e monetizar a inovação. Esses serviços mudaram a forma com que consumimos músicas e filmes, a relação mudou completamente, a fonte de entretenimento agora é outra. A indústria musical e cinematográfica teve que se adaptar.

O design thinking é um dos métodos que pode transformar a forma como as empresas funcionam em relação às pessoas em todos os ambientes, ele ajuda a fomentar a inovação.

“A vida é igual andar de bicicleta. Para manter o equilíbrio é preciso se manter em movimento.” (EINSTEIN, Albert)

Para uma organização se manter saudável, ela pode mesclar as diversas formas de inovação para alcançar o equilíbrio.

Entraves para a inovação

Umas das travas na inovação é a tentativa de difundir uma cultura totalmente nova de uma forma rápida e não direcionada. Se existe um alvo, você pode chegar a ele de várias maneiras, se você bombardeá-lo, pode acertar. Porém, se estudar o terreno e souber exatamente onde acertar, passando mais tempo no planejamento estratégico, o alvo vai ser atingido com menos danos ao redor. Por isso, é importante escalonar.

Para isso é preciso paciência e persistência de chegar a cada colaborador, disseminando uma mentalidade para toda empresa, não só uma influência. Não existe uma mentalidade ou cultura certa a ser aplicada, ela depende de como a organização funciona. A tentativa de usar soluções rápidas e difusas, acaba criando um mal-estar na organização, fazendo com que os colaboradores apenas sigam a orientação do chefe. As pessoas não entram no “clima” organizacional da empresa.

Para a cultura ser acatada pelo máximo possível de colaboradores, ela precisa ser 360, lidar com tudo que envolve o dia a dia de uma empresa, valores, comportamentos sociais, estrutura física, hábitos dos colaboradores, estrutura hierárquica, etc.

Uma empresa de tecnologia, em que a internet não funciona bem e os computadores são ruins, não vai conseguir passar o sentimento de agilidade aos colaboradores. Também, a mesma empresa tendo uma decoração antiquada, não vai conseguir se passar por inovadora e moderna. É um pensamento que leva tempo e esforço para ser concluído e precisa estar em constante evolução para acompanhar as mudanças culturais.

Para uma empresa ser inovadora de verdade, precisa de bons colaboradores dispostos e produtivos.

Outro fator importante é sempre estar direcionado pelos objetivos da empresa a longo prazo, definidos em sua visão de negócios. Não apenas em quem dá conta do trabalho na hora. Pois dessa forma, a empresa vai crescendo sem perder de vista seus objetivos estratégicos e sua visão, ela não vai apenas continuar existindo, ela terá a possibilidade de crescer e se diversificar. A empresa precisa sempre ter em vista o que foi definido nos clássicos: missão (qual o papel que a empresa quer ter para a sociedade e clientes), visão (onde a empresa pretende chegar e de que forma quer ser reconhecida no seu mercado) e valores (conjunto de premissas morais, éticas e filosóficas que deve estar enraizada na empresa e mover seus colaboradores, indicando de que forma eles devem se comportar quando agem em nome da empresa). E se for o caso, adaptar para a nova realidade, sem perder de vista a essência. Porém, todos precisam se sentir responsáveis por essa essência.

O escalonamento é importante para que a cultura seja passada. Da liderança para os gerentes, para a equipe de cada um e assim vai chegando a todos os stakeholders. É preciso uma organização estratégica e direta para que a mensagem não se perca em algum dos pontos de contato.

O apoio liderança C-level é essencial em uma empresa que quer inovar, mas muitas vezes a demanda por lucro a curto prazo vence as ideias inovadoras. Eles são cobrados e avaliados por resultados financeiros rápidos e nesse cenário, às vezes, não há tempo e dedicação para inovação que vai trazer resultado a médio e longo prazo. As métricas relacionadas a inovação são diferentes das tradicionais, por isso, dificilmente alguém ganha recompensas por projetos desse tipo. Por isso, a inovação incremental é a mais fácil de ser aplicada, ela não causa mudanças radicais e profundas. Além disso, grande parte da liderança teve sua formação antes da inovação estar tão em pauta. Com estruturas organizacionais rígidas e verticalizadas, a liderança não sabe como aprender de um colaborador novo no mercado, que já se formou tendo a inovação como prática enraizada aos estudos. A inovação começou a entrar na formação acadêmica só em meados de 1990.

Além disso, a inovação é aberta e pode ter falhas até a solução ideal ser encontrada e nem todos estão dispostos a arcar com as falhas. O erro no processo de inovação é só mais uma etapa em um processo contínuo, ele é o fim da linha. Por isso, para trazer uma mudança de mentalidade temos métricas e estudos de caso que podem fazer mais sentido a realidade da empresa. Alinhando a estratégia de inovação com a estratégia da empresa e trazendo métricas diferentes, é possível ganhar suporte e manter os colaboradores fiéis às ideias.

Como impulsionar a inovação?

Começar por áreas ligadas a gestão, fazendo um teste para depois disseminar pelas outras áreas da empresa. Assim, pessoas chave conseguem ver a diferença e fica mais fácil de serem comprometidos e a mentalidade inovadora ser expandida. O Storytelling na comunicação interna é uma ferramenta que aumenta a percepção e mostra para as pessoas que é possível fazer mais e melhor com exemplos e histórias que trazem empatia. Para não assustar as pessoas e não passar a ideia de que a inovação é algo muito radical, começar com pequenas ações é uma boa estratégia. Pequenas vitórias podem influenciar e criar confiança.

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Cinthia Alves
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Written by Cinthia Alves

Marketing, innovation, branding & culture.

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